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  • Foto do escritorElton Pantoja

O valor do sagrado na Era técnico-científica

Os tempos contemporâneos introduziram muitos avanços, ao mesmo tempo em que estabeleceram novos desafios à humanidade. A religião apazigua as inquietações do homem, ao provê-lo com propósito, humildade e senso comunitário.


O papel da religião na vida dos indivíduos tem sido constantemente ressignificado pelas transformações sociais que vivenciamos. Valores associados à autonomia individual, assim como os meios tecnológicos de interação social, impõem novos padrões de comportamento, que modificam o relacionamento entre o homem e o divino.


Somos as primeiras gerações a conviver com a Internet e com os novos mecanismos de relacionamento social, provenientes do avanço técnico-científico. E, enquanto ainda estamos nos adaptando a esse novo universo, ficamos vulneráveis às armadilhas do ego nele presentes. Assim, apesar de usufruirmos de inovações práticas, aprisionamo-nos no individualismo, na vaidade e no superficialismo das relações. A conexão com o transcendental, que singulariza o homem, é substituída por uma exaltação aos instintos, que o direcionam à um estado de inconsciência perante a vida.


O indivíduo inconsciente perde o domínio sobre suas paixões e deixa-se guiar pela ilusão de que o sentido da existência gira em torno do atendimento de seus desejos. Surge um ser egoico, que busca, na afirmação de sua superioridade, uma forma de preencher seu vazio interior. Acredita firmemente que suas ações individuais importam mais e que não afetam o todo, cultivando, no seio social, um verdadeiro desestímulo à confiança e ao senso de pertencimento.


A partir de então, reconectar o homem com sua natureza coletiva e com seu verdadeiro Eu torna-se uma necessidade. A religião, cuja significância consiste em religar, faz-se fundamental nesse contexto. Para alcançar a plena consciência e conseguir dar sentido às suas ações, é essencial desidentificar-se da matéria e voltar-se para o divino que o habita. O sagrado pode apresentar-se por caminhos diversos, que, no entanto, sempre apontam para o mesmo destino: a clareza existencial.


A prática de uma fé também reduz a importância do ego. Crer que grandiosas forças regem o universo traz ao homem a consciência de sua pequenez e o remete a valores como a humildade e a solidariedade, capazes de resgatar nele a aptidão para se conectar com seus semelhantes. A convergência de energias advinda desse processo é capaz de romper fronteiras e transbordar para todo o corpo social, germinando empatia em todos os âmbitos.


É inegável que o esclarecimento técnico-científico é essencial para elucidar muitos dos questionamentos da humanidade. Apesar disso, a ciência e a tecnologia mostraram-se incapazes de ligar o homem ao seu íntimo, ao seu desígnio e ao seu próximo. A religião supre essas lacunas, pois concede propósito, eleva o ser e permite-lhe ultrapassar as barreiras da mera existência material. Fazer parte de uma religião representa, na atualidade, mais do que professar uma crença: significa buscar no sagrado uma ponte para sua essência transcendental. ■

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